terça-feira, 15 de outubro de 2013

O outro lado do Twitter

Tive a oportunidade de ler na semana passada um interessantíssimo artigo (na verdade o resumo de um livro sobre o mesmo tema) a respeito da história por trás do Twitter, escrito por Nick Bilton. (http://www.nytimes.com/2013/10/13/magazine/all-is-fair-in-love-and-twitter.html)

Nele basicamente se conta a história de como o microblog surgiu a partir da ideia de Jack Dorsey (que tinha a ideia de conceber uma página em que as pessoas compartilhassem seus status) e Noah Glass que de fato desde o começo entendeu a ideia como uma maneira de conectar e estabelecer conversações públicas com diversas pessoas e de quebra, ainda teve a ideia do nome.

Basicamente o que se passa é que depois de a companhia surgir, Dorsey que tinha pouca habilidade social quase sai do negocio, mas consegue uma reviravolta com a entrada de um novo acionista e se coloca de volta ao topo. Aos poucos ele também vai recontando a história do negócio desconsiderando a contribuição de Glass (de forma tal que mesmo depois de uma nova reviravolta política interna ele consegue se manter na empresa, com o status de fundador).

É mais uma história de poder e trapaça no Vale do Silício, como bem diz o autor. E para mim é mais um interessante processo de ressignificação no qual a mídia tem um papel essencial, especialmente quando participa nessa mitificação do fundador. 

Esse mito do empreendedor, por sua vez é repassado nas escolas de negócio sob a forma de cases de sucesso. E assim o ciclo se fecha. É difícil se ter uma visão critica de algo tão cercado de literatura positiva quanto o empreendedorismo. Recentemente ouvi essa crítica do professor Vanderlei Casaqui, que colocou no holofote esse imperativo da felicidade no mundo dos negócios que na verdade mascara relações de exploração que antes se davam na estrutura de classes. Como hoje todos somos empreendedores, todos assumimos para nós essas contradições.  

E ressignificar essas histórias na figura mítica de um Jack Dorsey é apenas um outro jeito de mascarar a maioria dos Noah Glass que vivem por aí, ralando atrás de um sonho.

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